sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Retrato Divino

A religião, provavelmente, é o assunto mais polêmico ao longo da história. Milhares de guerras que nunca levaram a nada, resultantes de um conflito ideológico absurdo onde ninguém pode provar nada.

A ciência segue, em tese, um rumo contrário ao da religião: comprovando em vez de acreditar. Apesar disso, muitas vezes, a ciência funciona como uma falsa religião que soa muito mais convincente. Acreditar em átomos, que nunca foram vistos, parece muito mais plausível do que acreditar no velho barbudo que anda nas nuvens e semeia o bem, que também nunca foi visto. Parece muito mais lógico crer no evolucionismo, a partir de evidências circunstanciais, do que no criacionismo.

Dizem que o melhor caminho é o caminho do meio. Neste post tentarei seguir o caminho do meio, entre as idéias religiosas e científicas, um ponto em comum. Não me guiarei pela fé, nem pela comprovação, mas pela hipótese.

Partirei de dois princípios básicos que se assemelham em várias religiões: o Deus perfeito, justo e criador.

Sendo Deus o criador, ele criou, mas não foi criado. Não sendo criado, ele teria que estar antes de tudo, e como sempre pode haver um antes, ele estaria fora do tempo. Teria que ser simples, não poderia ser composto, pois se fosse composto, suas partes o antecederiam, e então estaria no tempo. Sendo Ele perfeito, não poderia interagir com nada. A interação o modificaria, e ele deixaria de ser o mesmo que eternamente foi, assim mudando e deixando de ser perfeito.

Para mim, a maior e mais complexa questão, é a da liberdade. Como ocorrem injustiças? Porque o dom divino máximo da liberdade, que não pode ser chamada de dom, porque não foi nos concebido, mas sempre esteve conosco. A liberdade nos dá até a liberdade de tirá-la de outros. O mal é conseqüente da liberdade, a partir do momento em que podemos matar para nos alimentar (um mal conseqüente), podemos matar por diversão.

Alguém poderia dizer: "Mas e se não formos livres? Se tudo o que fazemos tiver sido friamente controlado por Ele?". Estou partindo do princípio de que ele é eternamente justo, e ao ser justo não seria capaz de permitir que haja injustiças controladas.

Vou parando por aqui, a idéia mais racional de um Deus me intriga e sempre me leva a outros mistérios. Percebo que até o momento que pudermos ter certeza de qualquer coisa que falamos, demorará milênios. Por mais difícil e de certa forma paradoxal que pareça, há uma interseção entre a religião e a ciência: é impossível, por enquanto, saber se Deus ou se átomos existem, mas é preciso acreditar em algo.

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